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Roma – Portuguese

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Há alguns meses atrás, quando o diretor de “Roma”, Alfonso Cuarón e as atrizes Marina De Tavira e Yalitza Aparicio subiram ao palco depois da exibição do filme, numa sessão privada em Los Angeles, deram de cara comigo aos prantos, aplaudindo efusivamente, sentada na primeira fila.

“Roma” me tocou de um jeito que poucos filmes fizeram até hoje. É uma obra prima! Fico feliz que tanto o filme, como Alfonso, já tenham recebido vários prêmios, incluindo o Globo de Ouro, Critic’s Choice Awards, BAFTA, além de ter sido indicado ao Oscar em 10 categorias diferentes, incluindo melhor filme, melhor filme de língua estrangeira, melhor diretor, melhor atriz (para Yalitza Aparicio, em seu primiero papel, e ela é também a primeira atriz indígena indicada nesta categoria) e melhor atriz coadjuvante (Marina De Tavira).

Roma é um filme em preto e branco baseado nas memórias de infância de Cuarón. A história é contada pelo ponto de vista de babá Cléo (Yalitza Aparicio), em homenagem a Libo, sua babá na vida real.

Os atores falam espanhol e mixtec. Eles não tiveram acesso ao roteiro, como contou Marina no Q&A: “todos os dias quando chegávamos no set recebíamos instruções e dicas de Alfonso sobre o que aconteceria naquele dia, mas não tínhamos um roteiro propriamente dito. Foi uma aventura criativa criar esses personagens seguindo apenas as orientações de Alfonso”.

 

Cuarón explicou porque ele optou por não dar aos atores o roteiro que ele escreveu: “eles tinham uma idéia do que esperar e de como deveriam se preparar mas, no geral, meu objetivo era que a câmera captasse a emoção e os diálogos improvisados, trazendo um senso de realismo único ao filme”

E foi o realismo com que as trajetórias dos personagens foram apresentadas em“Roma”levou o público a se identificar com o filme. Alfonso queria que o filme refletisse os acontecimentos desta época da sua vida, por isso até ele pediu emprestado objetos pessoais dos seus irmãos para decorar o set de filmagem. Além disso, a casa onde o filme foi rodado é muito parecida com a casa que sua família morava. Na verdade, ela fica no mesmo bairro, na Cidade do México.

“Foi de longe o filme mais pessoal que eu já fiz. Eu chorei todos os dias no set ” disse Cuarón, mas ele também admitiu que ficou surpreso com a calorosa recepção do filme quando estreou no Festival de Veneza no ano passado:” Fiquei emocionado, mas um pouco chocado com a imensa resposta positiva que o filme recebeu de cara. Ao mesmo tempo eu entendo que “Roma” conta a história de uma familia, que é uma historia universal.”

Infelizmente, os pais de Cuarón não viram o filme. Seu pai faleceu há alguns anos e sua mãe no ano passado. Ele chegou a mostrar a sua mãe o primeiro corte do filme, mas é Libo, a grande homenageada, que está curtindo de fato essa bela carta de amor que Cuarón fez para sua família: “Libo já assistiu ao filme várias vezes. Ela adorou e sempre chora, não por causa de sua história, mas porque sente pena das crianças” disse Cuarón.
“Roma” está disponível na Netflix. Mas aí vai a minha sugestão: assista ao filme no cinema se puder, a experiência é muito mais impactante.

Já eu confesso que tirei a sorte grande por ter tido a chance de assistir “Roma” com Alfonso, Marina e Yalitza, as mentes e almas brilhantes por trás do filme. Vou lembrar daquele dia, assim como vou pensar em Roma, por um longo tempo.

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